terça-feira, 1 de maio de 2012

Principia



Dizem que o mais difícil em uma longa jornada é o primeiro passo. Há tempos tenho vontade de iniciar um blog. Faltava-me clareza quanto à definição da forma e do propósito. Resolvido esse primeiro desafio, aqui estou eu escrevendo este primeiro post.
A idéia deste blog é fazer um registro de alguns dos desenvolvimentos que tenho realizado no meu trabalho, usando Python. Não é para ser um blog de Python, por Python, para Python. Mas, um blog de Python escrito por um oceanógrafo que utiliza esta linguagem para realizar seus processamentos, cálculos e suas análises. Seguindo o espírito do software livre, divulgarei aqui os códigos que escrevi durante o curso do meu doutorado, quando criei uma modesta biblioteca que muito me ajudou. Aliás, comecei a programar em Python durante o doutorado. Antes fazia meus programas e figuras em Ferret, um ótimo software para visualização e análise de dados escrito pelo pessoal da NOAA. Mas, na medida que precisava fazer programas um pouco mais elaborados, acabava ficando refém de certas idiossincrasias da concepção do Ferret. Usar o Matlab estava fora de questão, pois não queria ficar escravo de uma solução proprietária com preços de licença proibitivos. O Octave é um bom clone do Matlab, mas o resultado gráfico não atendia às minhas necessidades. Foi então que fui apresentado ao Python pelo Roberto de Almeida, também oceanógrafo, criador das bibliotecas Pupynere e Pydap. Nos encontramos em Arraial do Cabo durante um simpósio de modelagem oceânica. Ele me mostrou diversos programas e aplicações. Fiquei impressionado com a elegância e simplicidade da sintaxe, e claro com as figuras com a qualidade do Matlab. Ele me convenceu. Tinha de aprender aquilo. Aprender o básico foi simples. Comecei lendo o "How to think like a computer scientist". Daí em diante foi começar a explorar o Numpy e a Matplotlib. Logo já estava escrevendo meus próprios códigos. Não sou um programador talentoso. Meus códigos são toscos, confesso logo. Na minha lista de desejos consta aprender a usar a orientação a objeto. Ainda chego lá.
Mas, voltando ao blog, este não será um blog estritamente científico, mas um blog que fala de ciência, essencialmente marinha. Assim, quanto ao idioma, usarei preferencialmente o Português, unicamente por ser minha língua pátria e portanto me sentir mais a vontade ao expor minhas idéias, ganhando assim mais agilidade. Não obstante, pretendo também fazer uso do Inglês, língua franca na ciência de nosso tempo. Já foi o Latim, quando Newton publicou o seu Principia. Privilegiar o Inglês seria interessante no sentido de ampliar o público e beneficiar-se de uma maior circulação de idéias, mas confesso que por ora não tenho pernas para tanto. Estes não serão princípios imutáveis, na medida que pretendo ir aprendendo ao longo da jornada e, por conseguinte, ir me adaptando. Porém, me esforçarei para manter as linhas gerais.
Muito antes de pensar em manter um blog, comecei com a lista de discussão OCEANO-BR, que está no ar desde março de 2001 e conta atualmente com 362 inscritos. No início imaginei que seria um espaço para discussões e trocas de idéias. Com o tempo, entendi que a lista evoluía e se comportava alheia à minha vontade. Acabou se tornando um canal de avisos. E para isto, tem funcionado bem.
A propósito, a foto deste post foi clicada por mim, em março passado, em Seattle, WA, usando a câmera do celular, enquanto passeava pelo campus da University of Washington, com os colegas da foto, voltando de um dia de treinamento num curso que lá fomos fazer. Falarei sobre esse curso num futuro post.
Vou ficando por aqui. Comentários, sugestões, trocas de experiências, serão muito bem-vindas. Espero que gostem.
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